As coisas simples me fascinam.


   Sei que parece bobagem mas, as coisas simples me fascinam. Tudo bem, levando em conta a tendência do ser humano às coisas materiais e cifrões com vários zeros, devo admitir que não é um ótimo assunto, mas é fascinante a minha descoberta: Me sinto feliz com pequenas coisas.
   Aquele beijo no rosto, aquele abraço não esperado, aquela janta com os amigos, pegar aquele cinema sozinho na sala fria e abandonada de uma cidade no fim do mundo, admirar os raios nas tempestades, curtir uma boa música, sentir o vento bater no rosto; tudo isso me faz sentir estar vivo. É tão bom estar vivo por motivos tão bobos, afinal, gente que vive dependendo de outras ou de objetos de posse são infelizes ao meu ver, não aproveitam o que a vida tem de melhor. 
   Cansei de festas, descobri que posso fazê-las em minha própria cabeça ou em conjunto com quem realmente   gosto, nada de álcool e músicas que possivelmente estourariam meus tímpanos. Saí dessa pseudo-rebeldia adolescente atual de que utilizar da bebida, das drogas e de tudo mais que é contra as leis te define descolado, ou "normal". Essa liberdade do século XXI está me deixando louco, e creio que falo por todos que também estão de saco cheio: Nunca quebrar as regras e seguir conceitos totalmente alienados foram consideradas ações de se orgulhar. Conformo-me em pensar que o nível de burrice está no ápice, não existe outra explicação para tanta gente continuar se matando com mais frequência, creio que cansaram de esperar que a poluição faça seu trabalho. A hipocrisia reina, culpa de outra ação errônea que se tornou comum: o ato de mentir.
   Por exemplo: O cidadão 1 usa drogas, especificamente uma, e a defende em contra partida ao cidadão 2 que afirma que todos os químicos ilegais - e os legais - prejudicam e acabam com a vida dos usuários, tanto a social quando a física. O cidadão 1 caracteriza o cidadão 2 como "careta" por ter pensamentos tão antiquados. O cidadão 2 prefere se calar ao escutar um discurso pseudo-cultural de que certas drogas não afetam tanto o sistema nervoso e blablablá. Quem está certo?
   Os usuários da droga em questão, que são uma massa populacional gigantesca, defenderiam o cidadão 1 enquanto todo o resto da sociedade - tirando os simpatizantes - defenderia o cidadão 2. O problema em si está no fato do cidadão 1 admitir diversas vezes que as drogas só destroem famílias e pessoas. E então, cria-se uma situação hipócrita. Tal atitude ocorre não só nos assuntos relacionados  à drogas, acontece diariamente, mentir para si próprio virou moda.
   Continuo careta ao ver de muitos nesse assunto, e hipócrita também, pois já usei de drogas "legais". A diferença está no fato de que parei de utilizá-las e agora tenho - ou creio ter - direito de criticá-las por conhecimento de causa. Esta semana decidi aboli-las do meu "cardápio", que Deus me ajude. Resolvi aproveitar o que a vida me oferece e para isso tenho que remover tudo que me prejudica direta e indiretamente, eliminar pessoas que tornam difícil o convívio com o eu interior, tentar achar uma razão para viver. Cansei de ser dominado, é hora de dominar as rédeas da minha vida, tomar decisões, crescer em si. Muita informação, maldito terceiro ano.

Não sei o que fazer.



   É, simples assim. Não sei dizer ao certo se te deixei ir ou se nunca lhe tive para mim. Sejamos sinceros, nunca lhe tive e nem vou lhe ter, oras. Você é atraente, tem charme e é uma pessoa comprometida, e o que é pior: fútil. Ah, como você não conseguiu perceber o que ocorria quando sorria só por te ter ao meu lado? Ou quando sentia ciúmes de te ver com outros?
   Não me culpe, sentimentos não são coisas fáceis de se esconder, nem o maior ator consegue escondê-los totalmente, uma hora eles sempre explodem. E você me deixou, ah sim. Mas como não pode perceber? Estive todos esses anos ao seu lado, apoiando e rindo de suas idiotices, que não são poucas.
    Essa sua burrice me cativa de um jeito estranho, pois ao mesmo tempo que sinto repulsa por ela também sinto falta quando me encontro distante da sua fala sem sentido algum. Você é perfeito para mim, tudo o que eu queria e o que possivelmente vou querer, mas não o tenho. Não te ter dói, machuca muito, principalmente quando percebo que estamos nos distanciando. Eramos unha e carne, agora você abandonou a unha, deixando-a apodrecida ao chão.
   Já chorei muito por sua causa, e mesmo tentando absorver o fato de que não somos compatíveis ao seu ver não consigo, quero te ter, necessito-te para continuar vivo. Você é o alimento da minha alma, que atualmente se encontra em um estado de total fome. 
   Geralmente quando decido mudar os rumos de minha vida e tentar encontrar alguém "disponível" tu és o primeiro a rir em deboche à minha cara. Não o culpo totalmente pois finges não saber dos meus sentimentos por ti, estúpido. Está fazendo de minha vida um inferno tão tenebroso que tenho dúvida entre sair dele ou me deixar levar pelo seu veneno e assim, deixar de sentir amor de vez. 
   Bobagens, tudo que escrevo não passam de bobagens sem sentido, talvez seja tudo desnecessário mas senti que se não colocasse isso em manuscritos uma hora explodiria em palavras mal intencionadas, palavras que talvez me tirassem o resto de contato que tenho com você. Não sei realmente o que fazer. 
   

LonelyDreamer

Segunda-Feira.

     É tão estranho sentar no fundo da sala, daqui vemos o que todos estão fazendo e se realmente estão fazendo as tarefas da aula, que na em questão são absolutamente inexistentes. São também bem visíveis os grupos divididos pela sala: Perto da porta estão as três meninas -  que geralmente são quatro - do tipo que adora uma conversa, geralmente reclamando da vida. Atrás destas estão as quatro inseparáveis, as que fazem trabalhos e provas sempre juntas, que conversam sobre tudo e sobre todos os homens, das outras é claro. Na parede oposta, mais precisamente na parede das janelas está o grupo das seis garotas - perdoem-me se esqueci alguma - que só se pronunciam para a turma quando são quase obrigadas ou quando sentem extrema necessidade, são as consideradas "NERDS". Na fila central , bem á frente da classe da docente ficam duas meninas, ambas muito simpáticas e receptivas que creio tê-las como amigas. Sento atrás delas, geralmente com minha amiga Laura, e logo atrás de nossas classes fica o casalsinho "20" da turma, seguidos pela irmã gêmea da componente do casal e a galera do "fundão". 
     Ah, agora que terminaram a recuperação de Geografia lembrei deles, dois rapazes que sentam atrás do grupo das quatro inseparáveis. E eu? Digamos que fico intermediando os grupos da sala junto com meu outro colega e amigo, cujo lugar não citei pois vive mudando. Alguns estão lendo o livro de Geografia, outros estudam para a recuperação de física que não peguei e os grupos da porta desabando em conversas. Não consigo decifrar o assunto da conversa, afinal, por ser um grupo de mulheres é quase impossível identificar um assunto concreto sequer. "Quietinhos, estudando!" foi o que disse a professora de Geografia após largar o óculos em cima da sua mesa e antes de sair da sala, sei lá para fazer o quê. 
     Escutei as palavras "Harry" e "Potter" em sequência vindas do outro lado da sala - já que estou sentado atrás do grupo das seis "NERDS" - provavelmente das três meninas que geralmente são quatro, discutiam sobre os filmes da saga. Sabe aquela raiva que você sente quando alguém fala - mal - da sua série favorita sem nunca ter lido um livro sequer, caracterizando-a como ruim ou péssima? Então, foi esse sentimento que vetou as discussões por minha parte sobre ela.
     Bateu o sinal, "Física agora?" foi o que perguntei à uma de minhas colegas que concordou com a cabeça. O meu amigo, aquele que citei no segundo parágrafo, chegou atrasado e reagiu negativamente quando uma menina lhe fez uma piada, o costumeiro mal humor da manhã. Ele observou um tecido e conversou freneticamente com algumas colegas, nesse meio tempo a professora de Geografia voltou e logo saiu, dando lugar ao professor de Física. Ele entrou, sentou, ficou a examinar por uns dois minutos alguns papéis da chamada, murmurou algo que ninguém pode ouvir e finalmente começou a rabiscar a lista de presenças. "Meu nome não tá na lista de recuperação de Filosofia?" perguntou meu amigo entre um sorriso, concordei e logo disse "Presente" ao ouvir meu nome sendo chamado. Houve um momento tenso onde o professor que foi criticado severamente no conselho do final de semana anterior à aula perguntou se tínhamos algo para lhe dizer, todos os presentes no dia calaram-se. "Toda a turma terá de fazer a recuperação", que notícia feliz, pelo menos quem não necessitava de nota pode usar o livro e o caderno. Não adiantou muito, tenho até pena de quem não pode usá-lo. Após a recuperação descobri que minha nota na prova foi sete, nada mal, hora do recreio.
      Ao voltar à sala a Professora de Português disse que minha média sem os formativos seria nove, algo excelente para um aluno não tão dedicado. Poucos pegaram recuperação, dentre eles meu amigo. Meu relatório termina por aqui, é difícil escrever durante os últimos períodos, português requer minha total concentração, coisa quase impossível de se conseguir.

29/08/11